Hoje recordei-me de um episódio que já se passou algum tempo. Episódio esse que por alguma razão que eu ainda desconheço não consigo esquecer. Acho que existem certos momentos como este que são sempre dificeis de "apagar" da memoria. Talvez por se revelarem com o tempo, verdades. Disseram-me uma vez e não interessa quem, que eu não era parecida em nada com a minha mãe. E quando digo, nada parecida, é isso. Literalmente, nada em comum. E por acaso é verdade. Na altura ignorei, nem sequer foi numa conversa e por isso achei que nada tinha a dizer. Não fiquei chateada. Nem amuada. Nem triste. Fiquei surpreendida. Primeiro pela pessoa que foi. E segundo porque na altura fiquei com a impressão que só agora é que a "dita cuja" tinha percebido isso. Quando meio mundo já sabia e continua a saber que eu e a minha mãe de nada temos a ver uma com a outra. E digo de ambas as partes, tanto, psicologicamente como física. Somos diferentes. Temos maneiras opostas de pensar e de reagir. E para mim isso é bom. Não que eu não quisesse ser como ela. Mas, gosto mais de ser como sou. Sou difícil de lidar. Sei que tenho defeitos que são por vezes insuportáveis. Mas sou eu. E como eu a poucas, podem crer que a. Acho que não existe ninguém a quem podemos dizer, "Eu sou exactamente como tu". Podemos sim ter pessoas que são de alguma forma diferentes e que por isso se tornam especiais. A diferença deixa marca, mal ou bem, mas deixa alguma, enquanto que o comum é isso, igual aos outros, igual a todos. Que piada existe nisso?. Nada. Apesar de nem sempre gostar de mim, sou eu. E não me acho parecida com ninguém nem com a minha própria mãe. Podem achar isso estranho ou até mesmo impossível. Mas não é. É real e verdadeiro. Sou eu. E foi a partir desse episódio que comecei a perceber que afinal é verdade: Eu não sou nada parecida com a minha mãe.
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